Missão de paz: Ex-paquito fala da vida em Niger após Charlie Hebdo



Alexandre Canhoni, o ex- paquito Xand, abandonou uma vida  de fama e prestigio, para trabalhar com pessoas carentes na África, onde faz um trabalho humanitário em Niger há 11 anos como missionário, junto à esposa Giovana. Na base missionária Guerreiros de Deus, eles atendem, em média , duas mil crianças e adolescentes e adotaram 15 delas. Depois do episódio envolvendo o jornal  francês Charlie Hebdo em Paris, os cristãos tem sofrido vários ataques no continente. Em razão disso, Alexandre e sua esposa tem passado por momentos de muita tensão, assim como vários missionários que estão em missão naquele país. Em entrevista à  Cleo Oshiro, Alexandre  decidiu contar um pouco sobre a vida por lá:
Cleo Oshiro – Quando você decidiu trocar a vida de artista, pela de missionário?
Alexandre Canhoni – Na verdade não decidi. Foi um processo de mudança na minha vida, que demorou bastante. 
CO – -Qual foi a reação da família e amigos, devido a sua escolha?
AC –  A maioria das pessoas não me apoiaram e acharam que eu estava ficando louco.
CO – Como conheceu a Giovana e  quem teve a ideia de fazer trabalho humanitário no Niger?
AC – Conheci a Giovana em uma das minhas viagens para dar testemunhos. Ficamos  amigos e quando casamos, fizemos a primeira viagem para a África, e vimos que o Senhor nos criou para isto.
CO – Por que o Niger?
AC – Porque era o país mais pobre do mundo!
CO – Quais as maiores dificuldades que encontraram ao chegar no país?
AC –  Calor, alimentação, idioma, e religião, porque aqui a religião muçulmana é a predominante… não foi fácil.
CO – Que idioma vocês usam para se comunicar?
AC – Francês. E normalmente traduzido para zarma ou tamasheck.
CO – Vocês recebem ajuda de igrejas ou ONGs para manter a missão?
AC – Recebemos ajudas de diversas pessoas, amigos, igrejas, de todos que desejam fazer o bem ao próximo.
CO – Como está sua saúde depois dos sérios problemas que teve?
AC – Continuo controlando. Há cada 6 meses preciso fazer exames de controle, por causa do meu esôfago.
CO – Hoje, com todas as dificuldades que tem passado, vocês  são felizes?
AC- Totalmente realizados. Temos uma paz que jamais tivemos e a certeza de onde realmente deveríamos estar.
CO – Em entrevistas, você disse que quando trabalhava de paquito não gostava de crianças. Como explica que seu trabalho agora é cuidar de crianças carentes?
AC – Sou outra pessoa. Antes não me importava com ninguém, só comigo mesmo. Hoje enxergo o  próximo e sei que mais importante é fazer parte da vida das pessoas.
CO – Por que a decisão de adotar tantos filhos?
AC – Não foi uma decisão… foi acontecendo… e como deixá-los? Como não ama’-los? Tornou-se impossível viver sem eles.
CO – E filhos biológicos?
AC – Não temos filhos biológicos…. 
CO –  Vocês têm apoio das autoridades locais em relação aos ataques?
AC – Não obtive no dia nenhum apoio, claro que depois fizemos o B.O. na polícia mais até hoje nenhuma polícia veio nos dar retaguarda….. Quanto ao apoio da embaixada do Brasil, a mais próxima é em Benin ou Burkina Faso, tenho contato com eles, e se precisarmos eles estão prontos a se encontrar na fronteira conosco, caso seja necessário
CO – Gostaria que nos contasse como é feito o trabalho humanitário no Niger? 
AC –  É um trabalho simples e cheio de vida, quando digo simples não quero dizer que é fácil, mais que é possível para todos que desejam de verdade ajudar alguém. Temos projetos de futebol, escola, nutrição e em várias áreas.
CO – Sobre os ataques que vocês tem sofrido ultimamente, eles aconteceram após o ocorrido em Paris, no jornal francês  “Charlie Hebdo”, ou já aconteciam antes? 
AC – Nunca houve da maneira como aconteceu no dia 17 de janeiro deste ano. Sempre houve ameaças verbais, ou insultos, ou até mesmo algumas mesquitas que diziam paras crianças não vir nos projetos, mas com violência e com este teor de atentado,  como no dia 17/01, realmente ninguém esperava que seria daquela maneira. Muitos lugares incendiados e destruídos no mesmo dia e em poucas horas. A polícia não chegou, os bombeiros não chegaram… foi muito triste.
CO – Devido aos acontecimentos, pensam em retornar ao Brasil?
AC – Não pensamos em voltar para o Brasil, principalmente porque aqui não é só um projeto, tenho uma família aqui, e como poderia deixá-los? E como levar todos comigo?
CO – Como está a situação no momento?
AC – Mais uma semana se passou e ainda não estamos em casa. Tenho ido na casa e na base e tenho sentido paz. Agradeço pelos e-mails, palavras amigas, versículos que as pessoas enviam para nos encorajar a continuar esta caminhada. Meus filhos estão um pouco mais tranquilos, mas ainda oro para que o Senhor revele o desejo do coração de Deus para cada um. Hoje pude conversar com eles e mais uma vez compartilhei do meu amor, e que se em todos estes anos nós entendêssemos que o que fazemos aqui é somente um projeto social, já teríamos ido embora. Mas que não os abandonarei. Eu disse: não tenho coragem de deixar vocês, tanto é que falei para o Cônsul quando cogitaram evacuar todos os brasileiros do país que eu ficaria. Perguntei para eles: e vocês tem coragem de nos deixar? Os olhos deles encheram de lágrimas e disseram: Jamais. Fiquei muito feliz em saber que este ataque serviu para deixar-nos mais unidos do que nunca. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos” – João 15:13. Continuem orando por nós e se possível nos ajudando financeiramente para a reconstrução e compra dos materiais que precisamos.
ATUALIZAÇÃO: Estamos no Níger e estamos em paz. Pouco mais de um mês desde os atentados, e muitas coisas no país já estão funcionando normalmente. A expectativa de uma perseguição, porém a alegria em poder sair as ruas e ter contato com o povo e com nossas crianças. Estamos reconstruindo, esta fase nos fez meditar muito, para reconstruir normalmente vamos pensar no que fazer, e o que não é necessário fazer. Este tem sido nosso pensamento interno e externo… o que realmente precisamos e o que realmente é importante para nós e para nosso próximo. As pedras que vamos precisar e as que não iremos mais precisar. Pedimos que continuem orando por nós, para que o Senhor nos guie e para que tomemos as decisões corretas. Nossas crianças e jovens estão mais calmos e confiantes. E uma comunhão extraordinária tem enchido nossas vidas diariamente. Quantos aprendizados e quantas mudanças internas e externas para nós,  para nossas crianças e para nossos vizinhos.
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Missão

Para ajudar no trabalho humanitário de Alexandre Canhoni, entre no site Guerreiros de Deus  ou AGDNiger
Fonte:http://www.bdci.tv/ex-paquito-fala-sobre-missao/
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