Cristãos se unem em jejum e oração para evitar que evangelismo seja proibido na Rússia

"Eles dizem: 'Se esta lei for aprovada, não vai nos impedir de adorar e compartilhar nossa fé", escreveu Sergey Rakhuba, presidente da Missão Adventista da Eurásia. "A Grande Comissão não é apenas para um momento de liberdade".

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO CHRISTIANITY TODAY

Presidente russo, Vladimir Putin participa de cerimônia em igreja ortodoxa russa. (Foto: IrishTimes)
Presidente russo, Vladimir Putin participa de cerimônia em igreja ortodoxa russa. (Foto: IrishTimes)
Os cristãos na Rússia estão prestes a serem proibidos de convidar seus amigos pra irem à igreja ou até mesmo de evangelizarem em suas próprias casas. A medida será adotada, caso o mais novo "conjunto de leis de vigilância e anti-terrorismo da Rússia" seja aprovado.
As leis propostas, incluem medidas que são consideradas as mais restritivas da história do país, desde o fim da união soviética, impondo grandes limitações ao trabalho missionário, como pregações, ensino e exercício de qualquer atividade destinada a disseminar uma mensagem sobre qualquer declaração de fé entre as pessoas.
Para compartilhar sua fé, os cidadãos devem garantir uma licença do governo por meio de uma organização religiosa registrada e eles não podem evangelizar em qualquer lugar fora das igrejas. As restrições se aplicam até mesmo a reuniões em residências privadas ou qualquer ação evangelística online.
Esta semana, a minoria protestante da Rússia - estimada em torno de 1 por cento da população - orou, jejuou, e enviou petições ao presidente Vladimir Putin, que terá de aprovar o pacote de medidas antes que se torne oficial.
"A maioria dos líderes evangélicos das sete denominações existentes no país expressaram preocupações", disse Sergey Rakhuba, presidente da Missão Eurásia e antigo plantador de igrejas de Moscou à revista Christianity Today.
"Eles estão convidando a comunidade cristã mundial a orar para que Putin intervenha e para que Deus trabalhe milagrosamente neste processo".
Na sequência de uma onda de propagandas nacionalistas russas, o pacote de medidas antiterrorismo - que inclui a proposta de proibição do evangelismo - foi aprovada quase que por unanimidade na Duma, a alta câmara, na última sexta-feira (24) e no Conselho da Federação, a baixa câmara na última quarta-feira (29).
"A maioria dos líderes evangélicos das sete denominações existentes no país expressaram preocupações", disse Sergey Rakhuba, presidente da Missão Eurásia e antigo plantador de igrejas de Moscou à revista Christianity Today. (Foto: Fondsp)
"Se esta legislação for aprovada, a situação religiosa no país vai se tornar consideravelmente mais complicada e muitos crentes vão encontrar-se no exílio, sujeitos a represálias por causa de sua fé", escreveu Oleg Goncharov, porta-voz da divisão Eurásia dos Adventistas do Sétimo dia, em uma carta aberta.
Proposta pela parlamentar Irina Yarovaya - do partido 'Rússia Unida' - a lei parece visar grupos religiosos fora da igreja ortodoxa russa, porque define como atividades missionárias, "práticas que têm como objetivo difundir determinadas declarações de fé para além dos seus membros".
"Se isso for interpretado como o Patriarcado de Moscou provavelmente o faça, isso significará a Igreja Ortodoxa pode ir atrás de russos étnicos, mas que nenhuma outra igreja poderá fazer isso", disse Frank Goble, especialista em questões religiosas e étnicas na região.
A identidade nacionalista russa permanece fortemente associada à Igreja Ortodoxa Russa.
"A Igreja Ortodoxa Russa é parte de um baluarte do nacionalismo russo, agitado por Vladimir Putin", disse David Aikman, professor de história e assuntos externos perito, à CT. "Isso mina como uma ameaça real, ações de missionários protestantes evangélicos ou de qualquer outra denominação".
Em uma carta ao presidente Putin, Sergei Ryakhovsky, chefe das Igrejas Protestantes da Rússia e vários outros líderes evangélicos classificaram a lei como uma violação da liberdade religiosa e de consciência pessoal.
A carta publicada no site russo 'Portal-Credo' diz, em parte:
"A obrigação de cada crente de ter uma autorização especial para compartilhar suas crenças, bem como distribuir literaturas e materiais religioso nos locais de culto e estruturas utilizadas, não só é absurdo e ofensivo, mas também cria a base para a perseguição em massa de crentes pela violação dessas disposições".
"A história soviética nos mostra como muitas pessoas de têm sido perseguidas por divulgar a Palavra de Deus. Esta lei nos leva de volta a um passado vergonhoso".
As restrições do tempo de Stalin - incluindo a proibição de atividades religiosas fora dos cultos de domingo em igrejas registradas e a proibição dos pais em ensinar a fé aos seus filhos - permaneceu nos livros até o colapso da União Soviética, embora o governo as tenha manipulado de forma seletiva.

Liberdade cerceada
As chamadas leis "Big Brother" também instauraram uma vigilância generalizada da atividade on-line, incluindo a exigência de aplicativos criptografados para dar ao governo o poder de decodificá-los e atribuir punições mais fortes para o extremismo e o terrorismo.
A proposta é um "ataque à liberdade de expressão, à liberdade de consciência e ao direito à privacidade, que dá à aplicação da lei poderes excessivamente amplos", disse o grupo humanitário de vigilância dos Direitos Humanos ao The Guardian.
Se aprovada, a lei anti-evangelismo pode levar à aplicação de multas de até 780 dólares para um indivíduo e 15.500 dólares para uma organização. Os visitantes estrangeiros que não pagarem a multa poderão ser processados.
A Rússia já está se mobilizando para conter os missionários estrangeiros. A lei para "agentes estrangeiros", adotada em 2012, exige que os grupos do exterior apresentem documentos específicos e detalhados, estando sujeitos a auditorias do governo.
"Enquanto os evangélicos da Rússia oram para que os regulamentos propostos sejam alterados ou vetados, eles têm se reunido no subsolo e estão dispostos a fazê-lo novamente", disse Rakhuba.
"Eles dizem: 'Se esta lei for aprovada, não vai nos impedir de adorar e compartilhar nossa fé", escreveu ele. "A Grande Comissão não é apenas para um momento de liberdade".
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