Esse minúsculo país da Península Arábica é o lar da
agência de notícias Al Jazeera. Bem desenvolvido e com a menor taxa de
analfabetismo no mundo árabe, em 2022, planeja sediar a Copa do Mundo.
20º colocado na Classificação de países por perseguição, o Catar possui
uma pequena população e há mais trabalhadores estrangeiros do que
catarenses nativos
A seguir, confira uma entrevista cedida exclusivamente à Portas Abertas, em que um cristão local conta como é servir a Deus no Catar. As respostas não estão identicadas com o nome para a segurança do cristão.
A seguir, confira uma entrevista cedida exclusivamente à Portas Abertas, em que um cristão local conta como é servir a Deus no Catar. As respostas não estão identicadas com o nome para a segurança do cristão.
As condições de trabalho são muito árduas; os
locais de construção, onde muitos deles trabalham, são insuportavelmente
quentes no verão, onde as temperaturas podem facilmente ultrapassar
50ºC. Não é incomum que as pessoas morram de insolação ou exaustão.
A comunhão cristã dentro dos campos de
trabalho é proibida e precisa ocorrer em segredo. As mulheres imigrantes
que trabalham em lares catarenses ficam vulneráveis a abuso sexual e
outras formas de abuso físico. Assim como em outros lugares da Península
Arábica, a posição das mulheres é frágil; elas dependem de seus
protetores que, em sua maioria, são muçulmanos.
Quanto à vida diária dos cristãos catarenses,
eles são poucos e tendem a manter sua fé em segredo enquanto tentam
viver de acordo com as orientações bíblicas.
Portas Abertas: No Catar, um muçulmano
convertido é considerado um apóstata e pode receber pena de morte. Isto
aconteceu recentemente?Há convertidos ao cristianismo, mas,
felizmente, não temos ouvido sobre penas de morte a novos cristãos. Na
verdade, não temos sabido de nenhuma pena de morte por causa da fé de
alguém desde a independência do país, em 1971.
Caso se saiba que alguém quer se converter ao
cristianismo, a pressão da família ou de seus pares será rigorosa. A
citação seguinte, de um cidadão catarense sobre o que acontece a um
filho de muçulmano que queira se converter ao cristianismo, é
característica da pressão familiar sobre ex-muçulmanos:
"Quando ele quiser se converter ao
cristianismo? Se ele tiver 10 anos de idade, seu pai lhe mostrará os
versículos do Alcorão. Se ele tiver 15 anos, seu pai o levará à mesquita
para lhe ensinar lições. Se ele tiver 20 anos, um primo o matará ou a
família contratará alguém para matá-lo."
De tempos em tempos, recebemos relatos de
ex-muçulmanos sofrendo danos físicos por sua fé, por parte de parentes
ou colegas que veem a conversão como uma desonra à família. Como
consequência desta opressão, os ex-muçulmanos protegem seu anonimato por
temerem fofoca ou traição.
Portas Abertas: A Copa do Mundo de 2022
será no Qatar. Você acha que o país se esforçará para melhorar em
relação à religião e aos direitos humanos, uma vez que o mundo inteiro
estará assistindo?O Catar está ansioso por se apresentar bem ao
mundo exterior. Ele luta para ser um país de significância dentro da
região, que é altamente estimada no Ocidente. O país quer ser um
pólo logístico entre o Ocidente e o extremo Oriente. Ele quer ser
considerado sério politicamente. O Catar foi o único país árabe que
participou dos ataques aéreos aliados na Líbia, por exemplo.
O país também se orgulha de ser o lar da famosa agência de notícias Al Jazeera e quer estar em uma posição onde possa ser visto por todos; a Copa do Mundo faz parte desta ambição.
Honestamente, não espero que os aspectos
religiosos e de direitos humanos melhorem devido à Copa do Mundo.
Entretanto, a minha oração é que a atenção internacional sobre o Catar,
durante este evento, também se concentre nos direitos humanos básicos
para os catarenses e trabalhadores estrangeiros no país.
Portas Abertas: Um terceiro complexo cristão
está sendo construído (até este ano, só havia dois em todo o país). Isto
é um sinal de mais liberdade para os cristãos?
Embora seja bom que haja um local reconhecido
de culto para os cristãos, não vejo isto como um sinal de mais
liberdade. A comunhão cristã é proibida no país, exceto para
trabalhadores imigrantes na área designada fora da cidade. Esta área é
muito pequena para acomodar todos os trabalhadores imigrantes cristãos e
também é muito remota. Os cristãos catarenses não têm nenhuma liberdade
do governo.
Como devemos orar por nossos irmãos e irmãs do Catar?
Ore
pelos cristãos locais. Ore para que experimentem comunhão com outros
cristãos. Com frequência, a situação para um ex-muçulmano é muito
difícil. Em quem você pode confiar para compartilhar sua nova fé? Ore
para que não fiquem isolados.
Ore também para que o país não apenas se apresente como um Estado moderno e moderado, mas também mostre que possa sê-lo. A despeito das rápidas mudanças nas décadas passadas e do crescimento da riqueza, a cultura e a herança islâmica permanecem firmes. Não há abertura para outras religiões, o que torna o cotidiano de trabalhadores estrangeiros e, ainda mais, de cristãos locais extremamente difícil.
Fonte: Portas Abertas