Pelo menos 300 cristãos foram presos nos últimos três
anos no Irã. As acusações mais comuns são ações contra a segurança
pública e propaganda contra o regime. Muitos destes cristãos foram
presos por fazer parte de "igrejas domésticas", pequenas reuniões de
cristãos que se encontram para adorar e orar juntos.
Os contínuos maus tratos do Irã à sua minoria cristã foi um dos temas levantados em reunião recente do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.
Os contínuos maus tratos do Irã à sua minoria cristã foi um dos temas levantados em reunião recente do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.
Attieh Fard, uma advogada especializada em
direitos humanos, pediu ao presidente Hassan Rouhani para cumprir suas
promessas feitas às Nações Unidas, em Nova York, libertando os 42
cristãos presos e os 45 que aguardam julgamento.
"Ao fazer essas acusações contra os
cristãos, tanto o governo como o Judiciário cometeram um erro fatual
porque as reuniões cristãs em casas ou igrejas são formadas,
principalmente, para os cristãos adorarem e estudarem a Bíblia juntos, e
não para mudarem o regime. Elas não têm qualquer objetivo político.
Portanto, estes julgamentos são errados", disse Fard.
Fard acrescentou que encontros semelhantes
eram realizados por muçulmanos xiitas, que se reúnem em grupos para
estudar o Alcorão e orar. Mas essas reuniões não foram consideradas uma
ameaça à segurança nacional. Alguns cristãos presos são obrigados a
ouvir o Alcorão e "bastante pressionados" a se converter ao islamismo.
Ela disse que muitos deles são torturados e têm seus bens confiscados.
Então, depois de serem libertados, perdem geralmente o direito à
educação ou emprego.
O artigo 26 da Constituição iraniana
concede o direito a minorias religiosas, incluindo os cristãos, de
formar sociedades e se reunir. Como tal, igrejas domésticas são
entidades legítimas. Segundo Fard, muitos pastores têm sido presos e
mesmo aqueles que são libertados são frequentemente mantidos sob um tipo
de prisão domiciliar. O Rev. Robert Asseriyan, que foi preso no início
deste ano, é um exemplo. Desde que foi solto, Asseriyan foi impedido de
falar com qualquer outro cristão, disse ela.
"Alguns líderes da igreja que não estão
presos têm sofrido ameaças do governo dizendo que, se não cessarem as
suas atividades ou deixarem de ir às igrejas, serão prejudicados eles
próprios ou os membros de suas famílias - mortos, fisicamente atacados
ou estuprados", disse ela.
O Irã anunciou que está comprometido com o
Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, incluindo o artigo
18, que garante o direito de qualquer pessoa a mudar de religião. No
entanto, Fard disse que o governo tem "repetidamente prendido cristãos
que se converteram do Islamismo, confiscando suas propriedades e os
forçando a abandonar seu trabalho ou seus empregadores a demiti-los".
Fard compartilhou o exemplo de um professor
que trabalhava para o Ministério da Educação há 30 anos. Depois de
descobrirem que ele era um cristão, foi demitido.
Algumas mulheres cristãs perderam a
custódia de seus filhos depois de seu divórcio de homens muçulmanos, uma
vez que eram tidas como cristãs que abriram mão de seus direitos. Em um
caso, o juiz disse à mãe de uma menina de dois anos que ela poderia
manter a custódia de sua filha caso se tornasse muçulmana. Enquanto
isso, muitos cristãos são forçados a casar-se em cerimônias muçulmanas e
realizar funerais islâmicos para os membros cristãos da família.
A recente soltura de duas mulheres cristãs
pelo governo foi bem recebida, disse Fard, mas ela pediu ao governo para
"libertar todos os prisioneiros cristãos e proteger os seus direitos de
cidadania quando forem soltos". Fard também mencionou o fechamento das
igrejas de língua persa por parte do governo, acrescentando que não só
os cristãos estão impedidos de convidar os não-cristãos a participar
como também estão impedidos de aceitar qualquer não-cristão que queira
participar.
A solicitação do governo a todas as igrejas
para fornecer os detalhes do cartão nacional de identidade de todos os
membros e para instalar câmeras de vigilância nas igrejas é contra o
artigo 23 da Constituição do Irã, que proíbe o governo de exigir
detalhes da religião ou crença de uma pessoa.
Fard concluiu: "É óbvio que o governo islâmico do Irã tem tomado
medidas para impedir o acesso de cristãos e do público a sociedades
cristãs, igrejas, literatura e a religião cristã, não levando em conta
os direitos constitucionais dos cristãos, nacionais e internacionais.
Agora que o Irã se diz comprometido com suas obrigações internacionais,
deve começar de fato a tomar medidas para proteger estes direitos
constitucionais".Fonte: Portas Abertas