A Bíblia não ensina,
diretamente, o que é felicidade, mas caracteriza os comportamentos das pessoas
que são felizes, ou melhor, mais do que felizes porque é exatamente esse o
conceito da expressão bem-aventurado. O texto descrito no evangelho de Jesus,
segundo Mateus, no capítulo 5 nos revela grandes aprendizados sobre pessoas
cuja alegria, longe da ilusão e engano como muitos dizem, é uma realidade. O
Filho de Deus é um exemplo de que a felicidade é visível nos comportamentos dos
que são felizes e Ele foi o maior exemplo. A multidão se aproximou, Jesus sobe
em um lugar um pouco mais elevado do que as demais pessoas para que sua voz
fosse ouvida e começou a ensinar:
Bem-aventurados os
pobres de espírito porque deles é o Reino dos Céus, disse. Ele era o maior
exemplo de sua própria frase. Poderia ter nascido em berço de ouro, mas
preferiu vir ao mundo em uma estrebaria. Nem o mais pobre dos homens tomaria
essa decisão tendo um melhor lugar para descansar, mas Ele é o exemplo maior.
Não havia roupas infantis, pois segundo a profecia o messias seria encontrado
envolto em panos, simples panos. “Humilde de espírito” fala sobre abraçar a
todos, estar e construir com todos. Não são motivados por Cristo os que fazem
acepção e privilegiam uns mais do que outros. Jesus é humilde de espírito e
nasceu no lugar mais simples para mostrar à humanidade que todos, desde o
menor, poderia se encontrar com seu governo. Somente os pobres de espírito
sabem que nada possuem e que tudo o que recebem vem de Deus que nos usa como
canal para abençoar.
Ele continuou a
falar: Bem-aventurados os que choram porque eles serão consolados. Jesus entrou
em Jerusalém e disse que há muito tempo estava chorando por eles, mas não era
um choro comum. Jesus está falando de choro compassivo e não de lamento
passivo. Consolados serão aqueles cujos olhos choram por se identificar com a
dor do outro e por eles se esforçam. É quando diante das dificuldades, choramos
ao céu pela necessidade e quando oportuno ajudamos com o que possuímos. Essas
são as lágrimas que serão enxugadas por Cristo.
Escute, Jesus
continuar a falar: Bem-aventurados os mansos porque eles herdarão a terra. Se
dos mansos será a terra, então mansos são os que não sonegam e os que conseguem
enxergar o outro. Jesus não daria a terra a quem não soubesse dividir e a quem
não aprendeu que o pão é “pão nosso” e não individual. Ser manso não é ser
alheio a tudo e permitir que o caos se instale sem se posicionar. Ser manso,
diferente de ser irresponsável, é agir, mas no momento certo e guardar tudo o
que Deus fizer chegar as suas mãos para ser de todos.
Bem-aventurados os
que têm fome e sede de justiça porque eles serão fartos, continuou. Justiça é
um conceito cristão. As grandes nações pelas quais existe admiração de muitas
pessoas possuem base cristã e são desejadas justamente porque pregam a justiça
como bem comum. Por isso, como continuação da missão de Cristo, a igreja
precisa continuar sendo o exemplo de um povo que busca a justiça para todos os
povos. Nessa luta árdua que gerará fome e sede de justiça, seremos fartos
brevemente pela verdade que liberta.
Bem-aventurados os
misericordiosos porque eles alcançarão misericórdia, disse à multidão. Jesus foi
condenado por fazer refeições com pecadores, por se sentar com os
marginalizados e porque perdoou pecados. Seu crime foi ser justo. Mas ser justo
era sua missão. Assim como a misericórdia do Pai está presente no plano da
salvação exemplificado pela vida de Cristo na terra, Jesus usará seu amor para
com os corações misericordiosos que pisam o chão, mas que entendem que há muito
mais pra se viver do que o olho pode contemplar. Quem se enche de misericórdia
se identifica com Jesus de tal modo que sente o peso do desafio de chorar com
os que choram e de se alegrar com os que se alegram.
Bem-aventurados os
puros de coração porque eles verão a Deus, continuou. Levi era o nome antigo de
Mateus, esse que escreveu sobre o ensino de Jesus sobre as bem-aventuranças que
estamos abordando. Levi era cobrador de impostos e era repudiado pela
população. Diante do olhar humano, ele não seria indicado para o rol dos
seguidores de Cristo. Porém, o dono do Evangelho possui um coração puro e por
causa do seu coração limpo, via em Levi o homem que poderia ser mudado. Os
limpos de coração olham para o caos na terra e conseguem enxergar solução
porque veem com os olhos de Deus. Enquanto muitos veem o desespero, os limpos
de coração enxergam tudo o que o altíssimo pode realizar e se alegram com os
milagres que a fé ver. Somente Jesus com o seu coração puro pode enxergar em
nós a possibilidade de, mesmo sendo torpes e indignos, continuarmos sua missão
na terra.
Bem-aventurados os pacificadores porque eles serão chamados filhos de Deus,
disse. Jesus trouxe a pacificação para a terra. Somente por meio dele a paz é
possível porque é o exemplo maior a ser seguido. Segundo Tiago, irmão de Jesus,
a justiça é fruto da paz porque somente pela paz as pessoas se olharão e
reconhecerão que o outro, apesar de ser diferente, tem direito e, reconhecendo
direitos, a justiça se fará. Sendo Jesus o exemplo maior de humildade de
coração, de choro compassivo, mansidão, de fome e sede de justiça, de
misericórdia, pureza e paz, se pode ser convicto de que teremos ajuda do alto
para iniciar, continuar e finalizar a nossa missão. Continue a ouvir o seu
ensino. Ele ainda falou:
Fim da conversa no bate-papo
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça porque
deles é o Reino dos Céus. Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem e
perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa.
Regozijai-vos e alegrai-vos. Jesus finaliza dizendo que nós também podemos ser
bem-aventurados, ou seja, mais do que felizes. Ele está dizendo que é possível
sermos humildade de coração, ter choro compassivo, mansidão, fome e sede de
justiça, misericórdia, pureza e paz. Mas é preciso ter cuidado porque o texto
diz que é possível que exista a perseguição e ela é real porque as pessoas não
gostam de quem abre mão do ter para ser, muitos se incomodam com os que choram
pelos outros porque vivem pra si e por si, unicamente. Será difícil porque as
pessoas medem uma as outras pelo que fazem gerando segregação e não pelo amor
imaculado de Deus que nos faz igual e, portanto, um. Muitos não conseguem
conviver com quem divide o que tem porque ensinam que devemos possuir todas as
coisas para proveito próprio. Será preciso ter cuidado com essas pessoas porque
perseguirão como perseguiram a Cristo. O texto nos ensina que, quando isso
acontecer, sejamos mais do que felizes porque estaremos sendo reconhecidos como
seguidores do exemplo maior que já pisou na terra: Jesus. Aos que desejam o
mundo e os seus reinos, há alguém que vaga ao derredor da terra oferendo tronos
para quem o adorar, porém o Reino dos Céus sempre se sustentará no singelo e
gracioso uso da toalha e da bacia com água para lavarmos os pés uns dos outros.
Fonte: Gildeon Mendonça Diácono na
Igreja Evangélica Assembléia de Deus em Natal/RN. Líder de jovens e
adolescentes há 16 anos